quinta-feira, 11 de março de 2010

Vital Farias


Vital Farias nasceu no dia 23 de janeiro de 1943, caçula de 14 irmãos. Fez seus primeiros estudos em casa, com seus irmãos mais velhos, lendo folhetos de cordel, ainda na Pedra D'Água, sítio onde nasceu, no município de Taperoá - Paraíba. Logo depois, começou seus contatos com a cidade de Taperoá, onde cursou o primário no Grupo Escolar Felix Daltro. Fez exame de admissão e parte do ginásio na Escola Professor Minervino Cavalcanti, para João Pessoa para servir o exército brasileiro (15º Regimento de Infantaria), onde passou dez meses e quinze dias. Saindo do exército, continuou seus estudos no Liceu Paraibano em plena ditadura militar. Nesse tempo já compunha e já se sentia um cantador, pois as suas origens reclamavam da cultura do seu povo e trazia nas suas memórias, desde criança, muitas cenas em Taperoá e nos sertões vizinhos da profunda covardia do sistema capitalista que esmaga e oprime o trabalhador. Mas, por força das circunstâncias "lei da sobrevivência" formou um conjunto de iê-iê-iê juntamente com Floriano, Cecílio Ramalho e Golinha ao estilo The Beatles, que na época incendiou com suas canções belíssimas o mundo inteiro. Apesar disso, Vital não se esqueceu das cantigas de seu povo, e paralelamente desenvolvia um trabalho onde contemplava suas origens.Na década de 70 foi professor do estado, ministrando aulas de teoria e violão por música, tendo como orientador Fidja Siqueira, Pedro Santos, Gerardo Parentes, Bento da Gama, entre outros. Paulatinamente conviveu e participou no Teatro Santa Rosa de vários trabalhos teatrais: ora como músico, ora como ator, ora como criador. Realizou alguns trabalhos de cinema. Com essa experiência, anos depois já no eixo Rio-São Paulo participou do premiadíssimo filme O HOMEM QUE VIROU SUCO (primeiro lugar no festival internacional de Moscou-1981). Atuou como diretor musical e roteirista poético.Em 1975 rumou para o Rio de Janeiro. Lá chegando, participou da peça do Diretor Luis Mendonça LAMPIÃO NO INFERNO juntamente com Pedro Osmar, seu companheiro de viagem e ex-aluno, Elba Ramalho, Tânia Alves, Kátia de França Imara Reis, Tonico Pereira, Madame Satã, Hélio Guerra, Joel Barcelos, Walter Breda, Damilton Viana, entre outros. Por outro lado, seguia seu sonho de poeta-cantador, compondo, participando das questões sociais e políticas do Brasil, chegando a participar da peça GOTA DÁGUA, de Chico Buarque e Paulo Pontes, seu amigo. Continuou, como sempre, alimentando seu desejo. Fez vestibular na CESGRANRIO, onde foi aprovado para o curso da Faculdade de Música, onde se formou em 1981. Nesse espaço de tempo teve orientação de arranjo e regência com os professores e Maestros Radamés Gnatali e José Alves de Sousa, ex-padre e professor-diretor da faculdade de música.Em 1978 faz na Polygram seu primeiro LP (VITAL FARIAS). Laureado por toda crítica brasileira, inclusive pela maior autoridade da crítica especializada no país José Ramos Tinhorão - historiador e crítico do Jornal do Brasil. Durante todo esse tempo, Vital continuou lendo, debatendo, fazendo palestras, cantorias. Seu trabalho, como é do conhecimento de todos nós, é um trabalho polêmico no que concerne ao Humano, Social, Político, Ecológico etc.
Músicas:
SAGA DE SEVERININ
Peço a atenção dos senhores Pra história que eu vou contar
Falo de Severinin lavrador tão popular
Que morava numa palhoça
E cultivava uma roça perto de Taperoá
E Severinin todo dia lavrava a terra macia
E terra lavrada é poesia
Mexe com mão na terra
Sobe esta serra corta esse chão
Planta que a planta ponte
Por esses montes lã de algodão
Severinin vivia até feliz
Enchendo os olhos com bem d'rais
E mesmo a plantação tava bonita em flor
E ao seu lado a sua companheira
Tinha o seu amor
Mas como diz o ditado e haverá de se esperar
Depois de tudo plantado
Fazendeiro pede pra Severinin desocupar
Já tinha até fruta madura
Jirimum enrramando no terreiro
E tinha até um passarinho
Que além de ser seu vizinho
Ficou muito companheiro
Chega tanta incerteza
A alma presa quer se soltar
Luta, luta sozinho
Qual o caminho de libertar
Severinin ficou sozinho e só
Ingratidão não pode suportar
Correu para o sul
De uma vez por todas
De uma vez por todas
Desabar
Ai, que saudade d'ocê

Não se admire se um dia um beija-flor invadir
A porta da tua casa, te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo que é pra matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo ai que saudade d'ocê
Se um dia você lembrar escreva uma carta pra mim
Bote logo no correio com frases dizendo assim:
"Faz tempo que eu não te vejo,quero matar meu desejo
Te mando um monte de beijos, ai que saudade sem fim."
E se quiser recordar daquele nosso namoro
Quando eu ia viajar você caía no choro
Eu chorando pela estrada mas o que eu posso fazer
Trabalhar é minha sina eu gosto mesmo é d'ocê
Fonte:

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